Quatro equipes da Fórmula 1 conseguiram uma autorização para as chamadas 'despesas de capital', dinheiro extra para investimento em instalações, com os times menos bem-sucedidos recebendo um 'impulso' de gastos de US$20mi (mais de R$100mi) para ajudar na competitividade.
Os gastos com esse capital se tornaram um ponto de discussão nesta temporada à medida que as regulamentações financeiras da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) começaram a fazer efeito.
Equipes como a Williams, que ficaram para trás em investimentos em suas instalações, reclamaram que seria impossível para elas melhorar sua infraestrutura e, consequentemente, competir com os líderes.
Várias opções foram discutidas nos últimos meses. A grande questão era que dar o mesmo limite adicional a todas as equipes não diminuiria as diferenças de desempenho, pois as equipes grandes sempre encontrariam maneiras de gastar a quantia extra e, por fim, tornar seus carros mais rápidos.
A FIA e as equipes finalmente concordaram com uma tabela de gastos que efetivamente divide o grid em três 'divisões', com os resultados das temporadas 2020, 2021 e 2022 sendo usados para determinar a ordem.
O acordo é um pouco semelhante às restrições de testes aerodinâmicos que dão mais tempo de túnel de vento às equipes piores. A diferença é que existem três estágios, em vez de uma escala para todas as 10 equipes.
Dentro das regulamentações financeiras, o valor máximo de despesas de capital citado para cada ano é na verdade um total acumulado para aquela temporada e as três temporadas anteriores somadas.
Ou seja, o valor inicial das despesas de capital para a temporada de 2024 era de US$ 45 milhões por equipe, o que representava o gasto máximo para os anos de 2021, 2022, 2023 e 2024 combinados.
Para as equipes do topo - ou seja, Red Bull, Mercedes e Ferrari - esse número agora aumentou para US$ 51 milhões, embora fontes indiquem que a FIA não queria dar às equipes grandes nenhuma concessão adicional.
Para as equipes do grupo intermediário, McLaren, Alpine e Aston Martin, o gasto total permitido aumentou em US$ 13 milhões, para US$ 58 milhões. Para times do grupo inferior, AlphaTauri, Alfa Romeo, Haas e Williams, o gasto permitido aumentou em US$ 20 milhões, para US$ 65 milhões.
Isso representa um ganho líquido de US$ 14 milhões em gastos em relação aos três grandes times, criando uma oportunidade real para eles diminuírem a diferença de infraestrutura e, portanto, de desempenho.
Para as temporadas de 2025, 2026, 2027 e 2028, os números acumulados de quatro anos caem para US$ 42 milhões para o grupo superior, US$ 49 milhões para o grupo intermediário e US$ 56 milhões para o grupo inferior.
Em 2029, as equipes estarão todas em pé de igualdade, com um total de US$ 36 milhões para aquele ano e os três anos anteriores somados. O chefe da Williams, James Vowles, que estava pressionando por uma concessão, agradeceu aos rivais por apoiarem os novos acordos.
"Boas notícias, na minha perspectiva", disse ele. "O bom trabalho com todas as equipes fez com que conseguíssemos 'desbloquear' uma isenção a nosso favor. Portanto, houve acordo e boas discussões ocorrendo desde fevereiro".
"Temos despesas de capital para gastar agora, talvez não os US$ 100 milhões que eu estava procurando, mas um bom passo na direção certa. Temos um acordo sobre a mesa após seis meses, para que as equipes da frente não recebam tanto quanto as equipes do final do grid. Todos nós nos beneficiamos mais, o que está em linha até certo ponto", completou o engenheiro britânico ex-Mercedes.
Chefe da McLaren, o italiano Andrea Stella também apoiou a concessão de gastos adicionais, que ajudará a equipe em suas melhorias contínuas em suas instalações em Woking. "Em primeiro lugar, eu destacaria que foi um processo positivo em que as equipes e as instituições que lideraram o processo conseguiram encontrar um acordo. Para nós, esta é uma notícia bem-vinda, vamos usar a alocação extra. E acho que isso é algo bom para nós."
Enquanto isso, o chefe da Ferrari, Fred Vasseur, está mais cético em relação à mudança. "Não estou muito convencido", disse ele. "Primeiro, se você perguntar aos seus engenheiros se eles querem mais, eles sempre dirão sim, queremos mais. É um processo sem fim. E acho que abrimos a porta algumas vezes para mudar as regulamentações de teto de gastos, e isso é muito perigoso", completou o francês