Apesar da melhora apresentada nas corridas recentes, a McLaren sente que não conseguiu obter nem 50% do que esperava com as mudanças aerodinâmicas apresentadas para o MCL60 ao longo da temporada 2023 da Fórmula 1.
O time de Woking obteve mais um pódio na temporada com o segundo lugar de Lando Norris no GP de Singapura, um resultado especialmente encorajador pelo fato de ter sido obtido no circuito de Marina Bay, de alto downforce, um lugar onde a McLaren não esperava um bom rendimento do MCL60.
Mas uma série de atualizações (analisadas abaixo) com o objetivo de melhorar a performance em baixa velocidade parecem ter dado efeito, com a equipe seguindo com o forte progresso visto a partir do GP do Azerbaijão.
Com Norris admitindo que ainda existem características inerentes do carro que não eram de seu gosto, o chefe Andrea Stella ecoou as sugestões de que ainda há muito mais pela frente.
"Acho que obtivemos uma boa compreensão sobre as nossas limitações em baixa velocidade e de onde elas vêm. Elas têm relação com aspectos mecânicos e outros aerodinâmicos. No lado aerodinâmico, o pacote que temos aqui lida com uma parte dessas limitações, mas ainda há muito trabalho pela frente".
"Diria que, do carro que tínhamos no Bahrein, e com as melhorias de Baku, Áustria e aqui, não obtivemos nem 50% do que gostaríamos do comportamento aerodinâmico para resolvermos esses problemas. Acho que o bom é que sabemos onde atacar. Mas isso precisa de mais trabalho. E isso deve entrar no carro do ano passado. De novo, não será 100% porque é uma jornada".
O que a McLaren levou para Singapura
A atualização da McLaren para Singapura deu continuidade à linha de desenvolvimento que estamos vendo desde o GP do Azerbaijão, com o makeover de ponta a ponta.
As adaptações à placa final da asa dianteira em sua porção central, com toda a superfície retorcida a partir da linha central têm como objetivo encorajar mais outwash e dar mais espaço ao plano de mergulho (nova versão na inserção superior direita, abaixo).
Isso resultou em ajustes sutis à geometria da borda da placa final e à junção da aleta flap inferior (seta azul na inserção). Há ainda uma boa quantidade de renovação, com o novo assoalho do MCL60, com partes não visíveis.
Mas enquanto não podemos analisar a fundo as mudanças na parte inferior do assoalho, as mudanças externas em certas características oferecem sinais do que pode ter sido modificado.
Na parte dianteira do assoalho, há mudanças na configuração das cercas. Onde a cerca interna ficava, se estendendo até a borda do assoalho, agora sendo cortada (seta vermelha, inserção). A cerca mais externa foi completamente modificada junto com a porção dianteira do assoalho que forma uma rampa para baixo.
Agora, esta cerca tem um ângulo bem maior na parte dianteira da seção inferior, enquanto a forma foi modificada, junto com a altura do nó traseiro. Obviamente isso cria um impacto nas estruturas do fluxo de ar, tanto acima quanto abaixo da linha do assoalho.
Junto com as mudanças na dianteira e nas do sidepod, a McLaren impulsionou o pacote com alterações no contorno do assoalho e na aleta da borda no lado inferior. Novamente, é uma faca de dois gumes quanto à forma como isso impacta as estruturas do fluxo acima e abaixo do assoalho, com volumes sendo vistos na superfície superior do assoalho, resultando em cavidades abaixo, enquanto adicionar qualquer tipo de descontinuidade permite uma mudança na pressão local.
Em termos da aleta, não somente a seção dianteira foi 'chapada', com as venezianas sendo colocadas na seção em forma de pergaminho, que ganhou uma mudança de perfil (inserção), como também foi estendida na seção traseira do assoalho (seta branca).
A McLaren fez várias mudanças aos sidepods durante o ano e, enquanto não adotou um novo conceito em Singapura, as alterações feitas ainda são significativas. Primeiro, os designers focaram em melhorar as condições do fluxo de ar dentro e além da entrada, já que o 'ponto de aperto' no chassi foi virado para baixo (seta azul), resultando em uma mudança de forma feita também na haste do espelho (seta vermelha).
Em segundo lugar, tendo feito a mudança para o sidepod no estilo 'escorregador' no GP da Áustria, a equipe optou por refinar a topologia da região nesta última atualização. Ao fazer isso, a McLaren parece ter melhorado a passagem do fluxo de ar pelo canal central, alimentando a seção traseira do assoalho.
Além disso, há a mudança na geometria externa da carenagem, com o objetivo de aproveitar as modificações feitas na borda do assoalho.
A carenagem do halo, junto com a mobília aerodinâmica ligada à área também foi revisada (seta branca), enquanto o duto de freio traseiro também foi modificado em combinação para interagir melhor com as alterações.
A mudança da McLaren pela seção da ponta semi-destacada na asa traseira também foi atualizada para trabalhar em conjunto com a configuração de maior downforce. O painel mais largo não somente fornece o apoio aerodinâmico necessário para a aleta flap superior e o plano principal como também se alinha diferentemente com a borda do plano final e o vórtice formado na ponta.
Ambos os pilotos tinham essa asa traseira disponível para a classificação e a corrida, com as mudanças sendo combinadas com uma nova configuração de asa beam, onde o elemento inferior trazia mais carga que o modelo anterior, que usava o arranjo de plano duplo.