O programa da Audi na Fórmula 1 está em silêncio. A parceria com a Alfa Romeo, que será encerrada no final da temporada, não permite que a fabricante alemã (assim como a Sauber) saia do 'armário'. Ainda estamos falando de duas marcas concorrentes no mercado automotivo.
Longe dos holofotes, no entanto, a atividade é frenética, começando pela sede em Neuburg, uma cidade a vinte quilômetros da Inglostad. Este é o local onde está sendo projetado a unidade de potência da Audi para categoria, uma estrutura que foi concluída na parte da construção, mas ainda está em processo de instalação.
A meta de chegar a 400 funcionários, que trabalharão em tempo integral no projeto do motor híbrido, ainda não foi atingida, mas a campanha de recrutamento continua inabalável.
O programa segue sob o controle dos gerentes Adam Baker e Stefan Dreyer, e um simulador foi recentemente colocado em operação, cujo uso (confiado ao ex-piloto da Red Bull Neel Jani) servirá principalmente para o gerenciamento de energia nas várias condições de classificação e corrida, mas ainda há muito a ser feito.
Trezentos e sessenta quilômetros ao sul de Neuburg, o outro lado do jogo acontece na histórica sede suíça da Sauber em Hinwil. Lá, também, o programa de recrutamento está em andamento, com o objetivo de aumentar o número de funcionários dos atuais 550 para os 800 planejados até 2025.
O processo de transformação da empresa envolve todas as áreas e, na Sauber, o aumento extra do CapEx (fundo de gastos disponível para infraestrutura fora do orçamento máximo), que para as equipes menores (Williams, Haas, AlphaTauri e Sauber) foi ampliado em US$ 20 milhões (R$100 milhões), além dos US$ 45 milhões (R$224,6 milhões) já planejados para o período de quatro anos 2021-2024, foi recebido com um sorriso.
No entanto, as dificuldades permanecem. O recrutamento de pessoal da Fórmula 1 se tornou muito complexo devido aos longos períodos de 'espera obrigatória' previstos nos contratos atuais, que variam de 12 a 24 meses para figuras de alto nível.
Em 7 de junho, a equipe anunciou a contratação de James Key, que se juntou à equipe há algumas semanas e também esteve presente no GP dos EUA, mas a finalização da força de trabalho não será concluída até o final de 2024.
A Sauber, no decorrer desta temporada, também começou a monitorar o mercado de pilotos. Os planos são de que a dupla se junte à equipe Audi uma temporada antes da data de estreia em 2026. Não é uma tarefa fácil nas mãos do CEO, Andreas Seidl, e do diretor da equipe, Alessandro Alunni Bravi, já que a maioria dos pilotos de ponta não estará livre no mercado para a temporada de 2025.
Além do interesse que podem ou não ter no programa da Audi, os atuais pilotos da Mercedes e da McLaren, além de Max Verstappen, já estão vinculados às suas respectivas equipes, e o mesmo acontecerá em breve com a dupla da Ferrari, cuja renovação (pelo menos dois anos) é dada como certa.
Rumores de consultas da alta administração da Audi têm vazado durante todo o verão, e os 'burburinhos' que parecem mais prováveis no momento são os de interesse mútuo envolvendo Nico Hulkenberg, além de um dos atuais pilotos da Alpine (ambos com contrato vencido no final da próxima temporada) que, de acordo com várias fontes internas, seria Esteban Ocon.
Não é fácil convencer um piloto a abraçar uma causa que incluirá uma temporada 2025 sem grandes expectativas, mas, a longo prazo, um vínculo com um fabricante como a Audi pode ter suas recompensas.
O maior obstáculo será a conclusão dos primeiros passos, que são indispensáveis quando se trata de iniciar um programa de Fórmula 1 praticamente novo, mas não sem expectativas e pressão quando se trata da presença oficial na pista de um grande fabricante.
Será preciso tempo e um paraquedas pronto para resgatar a equipe caso a estreia não seja das melhores. O nome, sem dúvida, tem peso, mas a Fórmula 1 não é um desafio fácil para ninguém, inclusive para equipes icônicas que escreveram páginas importantes na história do automobilismo.